Imagem – Divulgação | Arte – Rodrigo Sarmento

Após a construção dos textos com o mote ‘O que vejo?’ sobre A festa e os cães, de Leonardo Mouramateus, os encontros seguintes serviram para compartilhar os repertórios de análise de imagem entre os participantes a partir de uma confluência entre os pensamentos da(s) História(s), Teoria(s) e Crítica(s) de Cinema. Como o exercício dos modos de olhar e falar sobre os filmes começa a se rascunhar desde a invenção do cinematógrafo? Como essas formas de descrever as experiências diante da imagem começam a trazer uma forma para a crítica de cinema e compor regimes de visibilidade que se desdobram na(s) História(s) e Teoria(s) do Cinema?

A partir de exibição de trechos de filmes de diversas abordagens e contextos cinematográficos (Eadweard Muybridge, Irmãos Lumiére, George Meliés, Charles Chaplin, Sergei Eisenstein, Robert Weine, Jean Cocteau etc.), fomos traçando alguns vetores temporais e espaciais para pensar como a trajetória do cinema foi se construindo a partir das imagens que podiam se tornar visíveis e das reflexões possíveis em determinados contextos.

Como, por exemplo, o contexto cinematográfico da União Soviética influenciava na forma que os filmes de Eisenstein desenvolveram e vice-versa? Como as influências das artes plásticas se atravessavam no contexto em que Jean Cocteau criava obras consideradas surrealistas? Por outro lado, como os repertórios dos analistas das imagens (jornalistas, críticos, filósofos, historiadores etc.) vão compondo modos de olhar e falar sobre os filmes que colaboram na classificação dessas obras em escolas, estilos, gêneros e tendências cinematográficas?

Além dessas obras costumeiramente categorizadas na esfera dos filmes de ficção, abordamos também como o gênero documentário constrói sua trajetória a partir de modos de abordar o mundo histórico a partir de regimes que cercam a imagem documental. A partir de filmes de Robert Flaherty, Walter Ruttman, Frederic Wiseman, Jean Rouch e Jonas Mekas, fomos entendendo como os modos dos cineastas se relacionarem com a imagem documental, mais do que exercícios estilísticos, se fazem atravessados por diversos contextos sociais, culturais e tecnológicos de cada período.

Tomando esse repertório imagético e social como ponto de partida, a questão que guiaria a realização dos podcasts se pautaria na pergunta ‘O que sinto?‘, da prática corporal Movimento Autêntico (MA) para propor debates aos participantes a partir dos curtas A onda traz, o vento leva (Gabriel Mascaro), Nanã (Rafael Amorim), Casa Forte (Rodrigo Almeida) e Fantasmas (André Novais Oliveira).

Para apresentar o formato podcast aos participantes, descrevemos as principais etapas de produção de um programa de rádio (roteiro, gravação e edição) e apresentamos trechos de episódios de produtos relacionados a cinema, como Cinecast, Cinemático, Cinema em Cena etc.. Em seguida, os participantes foram divididos em grupos, assistiram aos curtas e debateram suas impressões a partir dessa questão e, posteriormente, cada participante pôde se responsabilizar por fazer sua própria edição do debate, experimentando a inserção de trilhas e efeitos sonoros com as ferramentas de edição de áudio disponíveis.

Os grupos foram divididos da seguinte forma, de acordo com cada filme:
Nanã – Danilo Rocha, Lucas Daniel e Nelson Leite
A onda traz, o vento leva – Ana Roberta Amorim, Arthur Rodrigues, Eduardo Queiroz, Gabriela Machado, Leila Alencar e Rebeca Alves
Casa Forte – Douglas Albuquerque, Danilo Lima, Gabriel Coêlho, Mayra Coelho e Rodrigo Victor
Fantasmas – Dandara Cipriano, Lorenna Rocha, Victor Maurício, Vinícius Costa e William Oliveira

Aqui, constam alguns dos resultados dos debates.